Foi de enchente a assistência da sessão de sensibilização “Amar… não é maltratar e matar!” que a Rede Social do Concelho de Carregal do Sal levou a efeito na passada segunda-feira, 26 de Novembro, à tarde, no salão nobre dos Paços do Concelho, para assinalar o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres.
A maior parte dessa assistência era constituída pelos alunos do 7.º ano das escolas do concelho, precisamente 95. A estes, juntaram-se os alunos Bruno Nunes, Jéssica Rodrigues, José Pereira, Rafael Teixeira e Ruben Lopes, do Curso Operador de Fotografia ministrado na Escola Secundária de Carregal do Sal, mas como participantes na iniciativa, cada um com a leitura, em plateia, do testemunho de vítimas de violência, concretamente, de uma criança, uma jovem e três adultas.
Muitas eram também as presenças de técnicos e agentes ligados à Rede Social do Concelho e ao Conselho Local de Acção Social (CLAS), entre os quais se contavam Ana Cristina Borges, vereadora da Acção Social, Marília Pêga e Dora Ramos, da Divisão de Acção Social do próprio município, Carla Neves, representante da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, Maria Rosário Teixeira, representante do Centro de Emprego de Tondela, Manuela Correia, responsável do Serviço Local da Segurança Social, Joana Lopes, representante do Centro de Saúde, Carlos Martelo, adjunto do director do Agrupamento de Escolas, Orlando Gonçalves, comandante do Posto da GNR, os presidentes das Juntas de Freguesia de Carregal do Sal e de Oliveira do Conde, representantes da Cáritas de Beijós, representantes do projecto UNESCO do Agrupamento de Escolas e uma equipa da Secção de Prevenção Criminal e Policiamento da GNR, de Santa Comba Dão, constituída pelo cabos Ricardo Sousa e José Cruz e pela guarda principal Matilde Costinha.
Parceira da iniciativa e cabendo-lhe parte importante da respectiva sensibilização, a Secção de Prevenção Criminal e Policiamento da GNR esteve representada na mesa de honra pelo cabo Ricardo Sousa, que ali fez companhia à vereadora Cristina Borges e a Josefa Reis, professora da turma CEF do curso Operador de Fotografia e membro do projecto UNESCO.
Ricardo Sousa centrou a sua intervenção na violência doméstica e nos maus tratos, começando por definir que este tipo de violência abrange qualquer conduta ou omissão que inflija reiteradamente sofrimentos físicos, sexuais, psicológicos ou económicos, de modo directo ou indirecto, por meio de ameaças, enganos, coação ou qualquer outro meio, a qualquer pessoa do mesmo agregado familiar. Descreveu os tipos de violência, designadamente, os maus tratos físicos, o isolamento social, a intimidação, os maus tratos emocionais, verbais e psicológicos, as ameaças, a violência sexual e o controlo económico. Esclareceu quais os procedimentos da vítima em caso de agressão e após a agressão e como se processa a actuação policial na prevenção e investigação da violência doméstica, atendimento, apoio, protecção e segurança das vítimas. Deixou recomendações no sentido de que seja a vítima a dar o primeiro passo na denúncia às autoridades policiais e de que, denunciando as situações, é possível recomeçar uma vida sem violência e encontrar uma oportunidade para que a vítima e os filhos sejam felizes.
Recorrendo à projecção de informação em powerpoint, Ricardo Sousa mostrou ainda gráficos das ocorrências de violência doméstica registadas nos concelhos do distrito. Viseu lidera o número de ocorrências (87 em 2016; 89 em 2017). Nesses dois anos, todos os outros concelhos têm registo abaixo da meia centena, mas só os concelhos de Mangualde e Tondela ultrapassam as 40 ocorrências em 2017, sendo Mangualde o que mais subiu no distrito (34 < 46), enquanto Tondela baixou de 47 em 2016 para 42 em 2017. Só os concelhos de Penedono (4 > 2), Sernancelhe (6 < 8) e Penalva do Castelo (9 = 9) não atingem a dezena de ocorrências. Carregal do Sal aumentou o número de ocorrências (19 < 23), o mesmo sucedendo nos vizinhos concelhos de Nelas (15 < 24) e Mortágua (16 < 19), mas Santa Comba Dão foi o segundo concelho com maior diminuição de ocorrências (32 > 24), só ultrapassado por Resende (42 > 33). Um dos gráficos respeitava apenas ao concelho de Carregal do Sal, onde se verificou que até 31 de Outubro do corrente ano 2018 já foram registados 16 crimes de violência doméstica, portanto, ainda abaixo dos 19 verificados em 2016 e dos 23 em 2017.
Na sessão foi também exibido um filme com o testemunho de uma jovem de 19 anos que serviu de mote para a intervenção de Josefa Reis, desenvolvido em tempo de aula pelos seus 14 alunos do curso Operador de Fotografia, incluindo fotos de uma acção de sensibilização junto da comunidade, com distribuição de mensagens na vila de Carregal a apelar à reflexão sobre a violência contra as mulheres.
Lino Dias
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