Delegação da Cruz Vermelha de Oliveira do Conde angariou fundos com a cagadela do porco

Nunca a cagadela de um porco foi tão ansiada em Oliveira do Conde como no domingo, 6 de Setembro, por cerca de um milhar de apostadores que, a partir das 17 horas, de olhos fixos no campo de futebol, seguiam a deambulação de um porco anão, arraçado de javali e de cor acastanhada, qualquer um deles na esperança de que aquele animal o contemplasse com tal presente.
Não é inédita a ideia de pôr um porco ou uma vaca a aliviar os intestinos num campo de futebol, propositadamente dividido em pequenos quadrados, numerados em quantidade igual às senhas vendidas para um sorteio de angariação de fundos, mas foi novidade em Oliveira do Conde. E é caso para dizer que nunca tanta gente olhou para o cu de um porco à espera que a sorte lhe saísse dali!
A iniciativa, denominada de Festa do Porco, partiu da Delegação da Cruz Vermelha Portuguesa instalada naquela povoação, com o objectivo de angariar fundos para a aquisição de uma nova ambulância de socorro pré-hospitalar, prestes a ser recebida e que será benzida no dia 26 do corrente mês de Setembro.
Foram vendidos, antecipadamente, mil e quinhentos bilhetes com preço de dois euros por cada número. Portanto, mil e quinhentos foram também os quadrados que tiveram de ser marcados no campo de futebol. O prémio em jogo era precisamente um porco e esse, apesar de estar ali à vista de todos, foi poupado de percorrer o campo, devido à sua forte corpulência de 120 quilos e ao abrasador calor que se fazia sentir, temendo-se que poucas passadas conseguisse dar, o que beneficiaria os apostadores do lado por onde fosse metido no campo. Daí o recurso ao atrás referido porco anão.
Joaquim Ribeiro, “o homem do chapéu preto”, como popularmente é conhecido, de Vila Meã, foi o feliz contemplado com a cagadela do porco. Chamado por telemóvel, pouco tempo depois compareceu no campo para receber o presente, embora da parte da Cruz Vermelha houvesse a esperança de que lho ofereceria, seguindo a decisão que outros apostadores tomariam se algum deles fosse o contemplado, conforme já o tinham expressado antes do outro porco ter desempenhado o seu papel.
Além de não se ter conseguido convencer o apostador premiado a oferecer o porco à Cruz Vermelha, também não se conseguiu que o cedesse por valor oferecido da parte da mesma. A renitência daquele apostador viria a ser vencida por Augusto Loureiro Figueiredo e Márcio Monteiro, ambos de Oliveira do Conde, que o convenceram a vender-lhes o porco por cem euros, pagando metade cada um deles. Fechado o negócio, os compradores do animal, num acto louvável e muito digno, ofereceram-no de imediato à Cruz Vermelha.
O porco vai ser assado no espeto e partilhado pelos populares no dia da bênção da ambulância, fazendo parte do programa das comemorações do aniversário da Delegação da Cruz Vermelha.
A Festa do Porco não se ficou apenas pelo sorteio da cagadela. Durante a tarde funcionou o serviço de bar permanente, juntamente com animação musical.

Lino Dias